38ª Carta - Nossas Bodas
Bem-vindos
ao blog e ao convite para ler as cartas de amor inspiradas nas
histórias que ouço todos os dias em meus atendimentos astrológicos, nos
encontros da vida, e em minhas próprias experiências. Para quem quer
saber mais sobre elas, veja o post da primeira carta no link:
http://ferzanini.blogspot.com.br/2015/10/as-cartas-de-amor.html
38º Carta
– 19/11/15
Inspirada
em uma conversa com a atriz Kátia Naiane sobre a peça teatral Folias Galileu.
Amor,
Hoje
conheci a história de uma das filhas de Galileu Galilei, possivelmente se
chamava Lívia, meu primeiro contato com ela foi por meio de uma imagem poética,
ela passou a vida costurando um vestido de noiva que nunca usou. O noivo que
amava se afastou quando Galileu foi acusado pela Inquisição. Na peça teatral
Folias Galileu, que conta essa história, tem uma cena onde se costura o vestido
no corpo de Lívia, mas isso é considerado mau agouro, pois só se costurava
roupa no corpo dos defuntos, então um verso é declamado para quebrar a má
sorte. Infelizmente não me lembro do verso, vou tentar descobrir, mas ele pede para
que a morte se afaste e que a felicidade seja costurada ali.
Me conhecendo
você sabe o quanto a história me tocou, e claro, me fez refletir como sempre.
Pensei em sobre quantos vestidos simbólicos vamos costurando durante nossas
vidas enquanto esquecemos de viver ou enxergar novas possibilidades de como ou
onde usá-los, e quando isso acontece se tornam camisas de força. Pensei também
na potência dos laços sanguíneos, que muitas vezes determinam nosso caminhar, é
para ser assim ou não? Resposta que nunca será unânime. Nesse momento vou
guardar minhas reflexões comigo para encará-las num amanhã, não estou num
dia de especulações, mas se você quiser trazer as suas serão muito bem-vindas,
meu querido.
O que quero mesmo agora é cozer muitos
vestidos, um para cada dia de minha vida, para que eu possa me casar com você
todos os dias, cada dia com um pedacinho seu, cada dia com uma cor diferente,
com uma estampa diferente, cada dia com uma nova forma de amar. E enquanto costuro vou criando versinhos de proteção para nós, onde
convidarei a morte a nos ajudar a matar o que nos afasta do essencial e bendizerei
a vida agradecendo por nos fazer festa de bodas.
Os
casamentos acontecem de tantas formas, meu amor.
Sempre
sua,
Eu
P.S.: Só
conhecemos a história de Galileu porque sua outra filha, Maria Celeste,
escrevia cartas para ele e as respostas muitas vezes continham seus
ensinamentos sobre o Cosmos. Ah... as cartas...
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